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Vila Operária do Porto Goes desaparece frente a omissão do Poder Público

Empresa informou que a demolição aconteceu pelo abandono há décadas sem nenhuma ocupação e nenhuma manutenção.

Por Wellington Caposi em 16/03/2023 às 21:59:10

O desaparecimento das casas histórias da Vila Operária do Porto Góes, na saída de Salto, está cada vez mais visível no cenário urbano. Uma comparação de fotografias feitas em 2016 e no estado em que se encontra hoje, mostra a destruição de um patrimônio histórico cultural da cidade. A decisão pela derrubada dos imóveis partiu da empresa BlendPaper, que é a nova gestora da unidade fabril onde está localizada a vila, que afirma que comunicou a prefeitura da derrubada das casas. A comunicação somente ocorreu depois de iniciada a demolição.


Diante disso, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Salto (Comdepac) e representantes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e da Secretaria de Turismo convocaram uma reunião com a empresa, ocorrido no início do mês de março. Uma reunião onde a imprensa não pode acompanhar. No encontro, a empresa informou que iniciou a demolição de parte das casas, porque elas estavam lá há décadas sem nenhuma ocupação e nenhuma manutenção, fatos que teriam ocorrido antes da recente aquisição pelos novos proprietários.

Também alegou que ocorreram inúmeras intervenções que já descaracterizaram os imóveis, isto na comparação com o que eram as casas que foram construídas para servir de residência de trabalhadores da fábrica no século passado. Apesar disso, representantes da empresa BlendPaper apresentaram uma proposta preservação das casas em frente à Rodovia da Convenção e em sua lateral, com manutenção das fachadas e recuperação das estruturas originais dos telhados.

A Prefeitura de Salto informou que ainda não há planejamento para início das obras de manutenção e recuperação no local. Segundo a nota, tudo ainda está em discussão entre representantes do Comdepac, da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, da Secretaria de Turismo e dos atuais propretários da empresa.

O historiador Rafael Barbi destacou a importância das casas para a história da cidade. De acordo com ele, as casas do Porto Góes, já foram indicadas para tombamento pela Prof. Me. Patrícia Stahl Merlin, através do Comdepac. Barbi ainda explicou que essas casas fazem parte do processo de industrialização do interior do estado de São Paulo e que retratam o período de urbanização que se deu após a chegada das primeiras fábricas. Barbi ainda destacou a necessidade da preservação dessas construções, pois elas demonstram técnicas construtivas próprias das construções industriais do início do século XX em Salto, com o uso de tijolos aparentes, saibro na mistura da argamassa e as pedras de granito como alicerce.

Aos poucos, sob o olhar inoperante do Poder Público, parte da história da cidade se perde definitivamente.

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