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OPINIÃO

Quanto mais polarizada é uma sociedade, mais burra ela é...

Perderam espaço o diálogo e a concordância. As vozes do meio são abafadas pelos gritos do extremo.


Pois é, polarização é quando duas convicções opostas ocupam todos os espaços do debate político, ou quando a política se transforma em mero embate entre posições que se excluem, sem pontos de encontro nem terreno comum. Ou ainda, quando não há adversário, mas somente inimigo. O debate se faz impossível. As alternativas, aquelas posições que não se encaixam em um dos dois lados, são postergadas, negadas ou deletadas.

Uma convicção pode ser a mais perversa das prisões. Quando o que sei não pode ser questionado, escuto apenas o que me confirma. O que é diferente, recuso. Quando tenho toda a razão e o outro, nenhuma, não existe diálogo. Preso nas minhas convicções, reduzo minha possibilidade de pensar. Não há como aprender sem estar disposto a mudar de idéia, e para mudar devo aceitar que a minha convicção pode estar errada. Assim, paramos de escutar, não interessam argumentos. Deixa de importar no que é dito e importa somente quem disse. Se foi do meu lado, vou defender sem questionar. Mas se for do outro lado, nego e critico ferozmente. Trocam-se palavras de ordem e 'memes', com intenso menosprezo pelo argumento.

Quem não está alinhado com uma das duas posições dominantes não tem espaço nem voz. Idéias se impõem por relação de força e não pela força da razão. Quem grita mais, leva. As posições são sempre de uma só cor, não existe espaço para nuances ou diferentes cores. É a morte das idéias e o fim da inteligência. Dessa forma, o campo da política torna-se um espaço árido.

Exemplo disso aconteceu nesta semana que passou quando um vereador - dentro das suas prerrogativas de fiscalização - mostrou que um saco com almôndegas em uma creche da cidade, sem o selo SIF e sem indicação da data de vencimento. Em momento algum disse e muito menos mostrou no vídeo, que as almôndegas estivessem estragadas. A interpretação do vídeo soou como algo estarrecedor nas redes sociais. Uma bateria de críticas recheadas com fotografias mostrando belíssimos pratos gastronômicos, postadas com a finalidade de contrariar o que foi mostrado.

Do outro lado, alguns outros aproveitadores de plantão também usaram a fala e o vídeo, como se a creche estivesse servindo algo fora do padrão, quando o vereador apenas ponderou sobre a inexistência de um selo e de uma etiqueta mostrando a data de validade do alimento.

Estaria ele mentindo? Não, apenas usando sua prerrogativa de fiscalizar.

Outro dia, observando um comentário - feito por um amigo a quem respeito muito -, numa postagem minha, nesta timellne, argumentava ele que o governo do qual participa já fez muito mais do deveria ter feito; quando na minha modesta opinião, o pouco que ele [o governo] fez é quase nada. São opiniões diversas e plurais. Ser pluralista é aceitar que a verdade nunca é definitiva, que está sempre em construção e que a verdade não se obtém derrotando um inimigo, e sim como resultado de um processo construído a muitas vozes.

Nem por isso deixamos de ser amigos. Ele segue com o seu muito e eu sigo com o quase nada. E torço para o vereador continuar fiscalizando...

Simples assim... Segue o enterro!

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CLAUDINEY BRAVO é produtor de eventos, editor do TerraTavares e provocador político.

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