Indaiatuba represa água de afluente do Buru e prejudica captação em Salto

Em pleno período de seca, uma das mais severas de nossa história, com um rodízio de água que impede e muda a rotina de toda a cidade de Salto, Indaiatuba resolveu represar águas do ribeirão Buruzinho, um afluente do ribeirão Buru, o mesmo que fornece água para a região noroeste da cidade. Isso para criar seis lagos artificiais no Parque Ecológico do Bru, que está sendo construído no bairro Campo Bonito, utilizando uma água da qual - nos parece - não possuem autorização (outorga) do DAEE. E o pior, sem informar nada a administração de Salto. Atualmente as águas do Buru atendem aproximadamente 15% do abastecimento de água da cidade de Salto e em alguns momentos neste ano, a captação de água bruta simplesmente parou, em razão do baixo nível do reservatório João Jabour que é abastecido pelo ribeirão Buru. Enquanto lá na cidade vizinha, seus lagos estão cheios com águas represadas.

Em ampla divulgação nas redes sociais o prefeito de Indaiatuba, Nilson Gaspar, destaca a obra afirmando que seria feita a limpeza do leito por lá para a formação de lagos. Confira:

Por diversas vezes, a temática que Indaiatuba roubava água de Salto foi ventilada em nosso município, mas neste caso o que se vê é uma decisão equivocada, visto que mexer no leito de um ribeirão que abastece a cidade vizinha, numa época de crise hídrica é, no mínimo, um desrespeito. Fontes ligadas ao SAAE Salto relataram que o nível do Buru em seu ponto de captação em Salto baixou diversas vezes após estas obras na cidade vizinha. Dias atrás, o prefeito de Salto, Laerte Sonsin Jr. teve de intervir junto a administração da cidade vizinha, para que a água represada fosse liberada e não prejudicar ainda mais o abastecimento da região noroeste da cidade.

Questionado, o prefeito de Salto, Laerte Sonsin Jr., falou ao TERRATAVARES "que primeiramente está se verificando se há licenciamento ou autorização, mas que entende que há um bom relacionamento entre as duas cidades e neste momento não vê nenhuma necessidade de judicializar a questão por parte de Salto, mas se ocorrer algum prejuízo para a cidade, daí a questão será revista".

Este fato deveria ligar um sinal amarelo, já que está em curso a construção da barragem do Piraí, que envolve demais cidades, mas que é nossa principal fonte de abastecimento. Nossas duas principais fontes de abastecimento estão sofrendo e sofrerão interferências, e esta deveria ser nossa maior luta. Procuramos o SAAE Indaiatuba, falamos ao telefone com o departamento de comunicação mas não tivemos respostas para nossos questionamentos.

Um e-mail também foi enviado para a diretoria daquela autarquia, porém até o fechamento desta matéria não houve nenhum retorno. Tão logo ele chegue até nós, a notícia será revisada.