Trem Republicado

100 DIAS DE GOVERNO: UM BATE PAPO SINCERO E OBJETIVO COM O PREFEITO LAERTE SONSIN JR.

Atendimento oncológico ainda no 1º Semestre | Fábrica de veículos elétricos em Salto | Sistema SESI será adotado | Transparência no atual governo | Gabinete do ódio | Transporte Público: consulta pública | Cemitério vertical

Por Wellington Caposi em 22/04/2021 às 16:31:04

Foram quase duas horas de um bate papo, muito franco e sincero, na sala de reuniões anexa ao gabinete do chefe do executivo saltense, Laerte Sonsin. Nosso primeiro encontro neste dia, foi quando o vimos acompanhando sua primeira dama que estava de saída da sua primeira visita à sede da prefeitura, após a posse e no retorno para a entrevista, Laerte nos confidenciou que sua esposa esteve reunida com a secretaria da Ação Social, pois ela quer ajudar e como Salto não tem um Fundo Social de Solidariedade - normalmente presidido pela primeira dama, ela fez questão de se colocar à disposição.

Acompanhe então esta primeira parte da entrevista do Prefeito Laerte, com transcrição do áudio da conversa:

TT: COMEÇANDO NOSSO BATE PAPO PELO HOSPITAL. COMO TEM SIDO A NOVA GESTÃO?

LAERTE SONSIN JR.: Acho que é o termômetro melhor que nós temos exatamente é não ter as reclamações que o IBDAH todo dia tinha. Para vocês terem uma idéia, isso é uma questão pessoal. Eu não dormia direito, o celular ficava ao meu lado da cama; cheguei a ficar no telefone com a Márcia, que é nossa representante no hospital, até uma e meia da madrugada ou até às 2 horas pra resolver problemas de estoque de medicamento. Tinha dia que estava faltando fralda às 3 horas da madrugada, tiveram que ir numa farmácia para comprar fraldas. Então, ainda existem reclamações? Existem sim! Mas são questões pontuais e percebe-se que não é nada diferente do que é natural na administração hospitalar. Então percebo que nesses poucos dias, ainda que seja muito pouco esse tempo, mas nesses poucos dias, a gente tem sentido profissionalismo, até pela própria transição. Vou dar um exemplo que inclusive foi citado aqui numa das nossas reuniões. Quando eles (Caminho de Damasco) fizeram a solicitação da transição, eles pediram uma planta do prédio. Alguém comentou lá dentro do hospital que jamais, em nenhuma transição alguém se preocupou na disposição física do hospital. Eles se preocuparam! Aí percebe-se que existe um profissionalismo e disseram que uma equipe de 15 profissionais, um de cada área viria para fazer a transição. No dia 8 para 9 de abril, data da transição, se você pegar a foto devia ter pelo menos uns 12 profissionais da Caminho Damasco, cada um em sua área. Então, eles nem precisariam estar lá, mas eles estavam. Então se percebe que há um profissionalismo. Essa falta de reclamações ou não daquele volume que a gente tinha já é um indicativo de que está indo bem.

TT: E COM RELAÇÃO AO PAGAMENTO DOS SALÁRIOS E VERBAS RESCISÓRIAS DOS FUNCIONÁRIOS DO IBDAH?

LS: A prefeitura fez o pagamento do salário. Temos agora as verbas rescisórias. Uma segunda etapa e, temos a questão dos médicos também. Existe um funcionário do IBDAH no hospital. Eles fizeram um pedido de autorização para que os exames demissionais sejam feitos lá mesmo. Então, a princípio eles estão cumprindo o cronograma das rescisórias, mas se isso vai representar um efetivo pagamento nas verbas, aí é algo que estaremos acompanhando.

TT: PREFEITO, COMO TEM SIDO ESTES PRIMEIROS 100 DIAS DE SEU GOVERNO?

LS: Muito intenso. Muito intenso e muitos problemas. O que é digamos assim, significativo. Eu já estive em outros inícios de gestão. Eu sei como é. A pandemia dificulta muito. Ela traz obstáculos que dificultam o dia a dia, não só em termos de custeio da administração pública. Exige um esforço para você conseguir resolver o problema, como também amplifica diversos outros problemas. Você percebe que os problemas ganham uma dimensão diferente daquilo que seria normal. Por outro lado, é muito importante porque também serve como motivação! Serve como uma mola para você implementar projetos que talvez não fossem implementados, se não estivéssemos numa situação como essa. Vou citar o exemplo de nossa proposta em descentralizar o atendimento nos postos de saúde. Com essa pandemia esse processo já vai passar pela descentralização do atendimento da COVID-19, e isso já vai servir como uma vitrine para a descentralização do atendimento na Saúde. Já estamos implementando, a nossa ideia é que já estivessem funcionando esses quatro pontos, mas por conta da redução dos casos e a diminuição da procura para o atendimento COVID-19, essa ação perdeu o senso de urgência.

TT: SERIAM AS UNIDADES "SENTINELAS"?

LS: Nós iremos chamar de Ponto Avançado de Atendimento. A princípio é o COVID-19 e pós COVID-19. Um acompanhamento no Pós que já é feito pela rede básica, mas ele vai ser e ter um fluxo diferenciado. Mesmo que o paciente tenha sido resguardado apenas em casa, ele vai ter oportunidade de acompanhamento até para efeitos estatísticos. Então você vai poder verificar quais as sequelas. Sabe-se que tem muitas sequelas decorrentes do COVID-19, inclusive em aqueles que não foram internados. Quem foi internado e intubado já tem uma sequela natural. O paciente intubado precisa de uma fisioterapia respiratória por exemplo, mas por vezes o paciente não foi intubado e nem foi internado. Ficou apenas em casa. Mas mesmo assim ele pode ter uma seqüela. Aqui é que entra o acompanhamento para evitar que isso evolua para mais consequências.

TT: PREFEITO, UM DOS DISCURSOS ATUAIS DE IMPACTO DA PANDEMIA É A QUESTÃO DE ARRECADAÇÃO NA CIDADE. PORÉM, OBSERVANDO OS NÚMEROS DO 1º TRIMESTRE DESTE ANO, TIVEMOS O MELHOR RESULTADO DE RECEITAS DA HISTÓRIA DA CIDADE, R$ 111 MILHÕES - UM CRESCIMENTO DE 12% EM RELAÇÃO AO ANO DE 2020. OLHANDO APENAS OS NÚMEROS, TÊM DINHEIRO? COMO É ISSO PARA QUEM ESTÁ DO OUTRO LADO?

LS: Esta arrecadação é envolvendo todos os repasses. Você tem um número maior de gasto. Por exemplo hoje eu tenho um hospital que me consome quase R$ 700 mil reais por mês só com o COVI-19. Então isso acaba refletindo na compra de medicamentos, dotar os postos de saúde com o exame COVID-19. Procedimento de vacinação, o município já estava com a estrutura para vacinar no Plano Nacional de Imunização o H1N1 por exemplo. Mais a vacina do COVID-19 exige um trabalho num esforço redobrado, porque você tem horários específicos e datas específicas. Então apesar de ter uma arrecadação maior, você também tem um gasto maior neste meio tempo e isso acaba obviamente não permitindo que você consiga aproveitar esse excesso. Mas existe outro elemento que é mais complicado. O município não é apenas financeiro. Ele é orçamentário. O que isso quer dizer? Vou citar um exemplo: O orçamento de 2020 previa um gasto superior a este de 2021, com o hospital, ou seja, quando fizeram a peça orçamentária para 2021 não previram o aumento de gastos com hospital, pelo contrário quem a fez entendeu que haveria uma redução nos custos do hospital. O que não é real e acaba complicando o orçamento. Muito embora tenhamos os recursos financeiros em caixa não podemos utilizá-los da forma como seria preciso utilizar. Então não é tão simples assim mesmo que aconteça um superávit de arrecadação.


TT: VAMOS FALAR UM POUQUINHO DE EDUCAÇÃO. É INEVITÁVEL NÃO COMENTAR A RESPEITO DO GRANDE ASSUNTO DA EDUCAÇÃO ATÉ AGORA; QUE É O SISTEMA SESI. PREFEITO, O DISCURSO NESSE ASPECTO NÃO ESTAVA ALINHADO. NÃO SEI SE AGORA ESTÁ OU NÃO! PRIMERO FOI ANUNCIADO QUE SALTO ADOTARIA O SISTEMA SESI, DEPOIS EM REUNIÃO COM VEREADORES, A SECRETARIA DA EDUCAÇÃO, ANNA NORONHA, AFIRMOU QUE SERIA APENAS O MATERIAL ESCOLAR. DEPOIS NUMA ENTREVISTA AO TERRATAVARES, ELA DISSE TALVEZ QUE NÃO OCORRERIA MAIS A COMPRA EM RAZÃO DOS LIVROS DO ESTADO TEREM CHEGADO. ENFIM, QUAL É A REAL SITUAÇÃO DO SISTEMA SESI EM SALTO? E O QUE SERIA O SISTEMA SESI NUMA CIDADE COMO SALTO?

LS: Na verdade, em relação à Câmara de Vereadores acho que foi uma confusão e um problema de interpretação do assunto. O que é que o Sistema SESI? É o material e também um método de ensino. Isso é o Sistema. O que estava se questionando inclusive em redes sociais, senão teríamos todas as nossas escolas como se fossem a escola do SESI instalada na cidade, com educação em período integral, alimentação e toda a estrutura física lá existente. Isso é inviável para o município, ao menos nesse primeiro momento. Claro que isso é um sonho, que a gente pode pensar e discutir, mas nesse momento não é o caso. Então não é apenas compra de material. O Sistema Sesi vai ser implementado. O que nós fizemos, é até algo que nós já tínhamos decidido lá atrás, que foi abrir uma ampla consulta, porque é um investimento alto, um bom investimento. Então haveria a necessidade de você debater com os professores, com a sociedade civil e com os vereadores. É claro que a decisão final quanto à implementação é do Poder Executivo. É a ele que ele compete essa decisão. Mas o que está acontecendo, é exatamente a questão se há a necessidade de implementar o sistema já em 2021 por conta de as escolas ainda estarem fechadas. Então, como não havia uma definição ainda, se o material seria ou não comprado já para esse ano ou se somente para 2022.

TT: DESCULPE PREFEITO, MAS A DECISÃO ENTÃO É QUE SERÁ COMPRADO O MATERIAL?

LS: Essa foi uma decisão tomada pelos próprios professores. Os professores tiveram conhecimento do material, gostaram e realmente ele é bem superior ao que se aplica atualmente. Isso acabou servindo como a mola que decidiu pela sua aquisição. Então sim, a ideia é realmente que a compra seja feita, está em fase de procedimento interno. Salto tem uma boa qualidade de ensino, é uma coisa é inegável! Você tem professores que realmente se esforçam. O que você fizer para melhorar, ótimo. Perfeito. Nós vamos melhorar ainda mais aquilo que hoje é bom. Pensando inclusive em gerações futuras. Porque afinal essa juventude que vai passar pelo Sistema SESI ou pela Educação de Salto vão ser os profissionais do futuro, vão ser aqueles que estarão à frente da cidade no futuro. Então isso é muito bom para a cidade. Até para vocês entenderem melhor, isso incomodou demais alguns adversários políticos. E aí uma das posições adotadas por esses adversários que têm a ideia "de que quanto pior melhor", foi deles fazerem uma crítica digamos um tanto irônica, "olha agora todos os estudantes de Salto vão ter ensino integral", mas se percebe que foi uma construção para desconstruir, simplesmente para criticar.

TT: QUANDO ESTIVEMOS JUNTOS NO COMEÇO DO ANO, VOCÊ NOS DISSE QUE NO 1º TRIMESTRE TERÍAMOS BOAS NOVIDADES, MAS ATÉ AGORA NADA FOI ANUNCIADO. E AS NOVAS EMPRESAS PREFEITO, COMO É QUE ESTÁ?

LS: Tem de mais de 20 empresários interessados em trazer suas empresas para Salto. Eu só não posso citar nomes, nem os locais porque isso gera uma especulação imobiliária.

TT: MAS QUAL ENTÃO A SUA PERSPECTIVA PARA ESSE ANO?

LS: Acredito que virão muitas empresas e muitos empregos de todos os portes. Pequenos, passando pelo médio e talvez até grandes empresas. Mas eu vou citar um exemplo que é muito claro, a YPÊ vai duplicar o tamanho da sua empresa com uma expectativa de quadruplicar. Essa é a proposta deles. Talvez a gente não tenha isto neste ano, mas é uma empresa que vai contratar muito. Já iniciei uma conversa com o pessoal de uma empresa de veículos elétricos, que estão empenhados em trazer sua empresa para Salto. Pode ser que se comece neste ano para inaugurar em 2022. Retomei também as conversas para a volta da implementação do Centro Logístico do Tenda aqui na cidade, que é possível que venha para cá pois eles já possuem o terreno. Tudo depende também do plano de crescimento dessas empresas e principalmente da pandemia, porque ela realmente atrapalha. Mas além da economia, tem uma grande empresa de logística que está interessada em trazer suas atividades para a cidade. É uma empresa de outro estado que precisa de um ponto na região e entende que Salto está logisticamente muito bem localizada. Pode ser uma vantagem. E mesmo nessa época de pandemia é um setor que cresceu muito. Aliás, até em razão da pandemia acabou crescendo e é uma empresa que pode sim vir para a cidade independentemente da situação da pandemia.

TT: UMA DAS COISAS QUE VOCÊ SEMPRE FALOU, É QUE O SEU GOVERNO SERIA TOTALMENTE DIFERENTE DOS OUTROS E O TERRATAVARES VÊ ALGUMAS AÇÕES QUE SÃO EXATAMENTE IGUAIS OU ATÉ PIORES DO QUE A DOS OUTROS...

LS: É porque muitas vezes, certas questões dependem de um processo que não é feito de uma hora pra outra. Talvez por exemplo: Transparência. Eu quero muito transformar e dar transparência, mas tem certas coisas que você ainda precisa melhorar no processo. A primeira coisa que eu fiz aqui foi baixar os contratos e verificar o que tinha. Se você chegar no sistema do município, os contratos têm lá tem o valor máximo apenas. O que foi pago, para que foi e como foi empenhado, não tem essa informação. Esse é o tipo de informação que é extremamente essencial não só para mim, mas também para a população. Então uma das ações que nós tínhamos que tomar era fazer com que a empresa que faz essa parte contábil, se comunicar com o sistema. Você não consegue fazer isso na hora, em uma semana ou em um mês. Talvez até seja necessário terminar a licitação para quando você contratar uma nova empresa, solicitar isso. Existe uma regra do Tribunal de Contas que valores contratações abaixo de R$ 7 mil reais você não precisa publicar o extrato. Determinei que toda compra, independente do valor, deverá ser publicada.


TT: OUTRA QUESTÃO É UMA DENÚNCIA DE APADRINHAMENTO POR PARTE DE SEU SECRETÁRIO DE GOVERNO JUNTO A UM SERVIDOR. UM ELETRICISTA, LOTADO EM OBRAS, DEPOIS TRANSFERIDO PARA A PASTA DO GOVERNO VIA PORTARIA, E AGORA ESTÁ LOTADO NA SAÚDE SEM PORTARIA?

LS: Eu ouvi o áudio. O cara falou um monte de bobagem. Se você analisar somente a fala dele, é claro que você vai ter este pensamento. O servidor citado é um cara que se você precisar, a hora que for, ele vai estar lá. Queimou a caixa de força da UTI do hospital, num sábado à tarde, até você acionar a empresa e tudo, demoraria. Este servidor foi lá, não pensou duas vezes, montou e desmontou. É típico dele.

TT: PREFEITO, PELA SUA FALA, TODA VEZ QUE CHEGA ALGO COMO ESTE, NA SUA VISÃO DE QUEM ESTÁ VIVENDO O DIA A DIA AQUI DENTRO, PODE SER PARTE DE "UM GABINETE DO ÓDIO"?

LS: Sim, é! Com certeza! Eles tanto, tanto falaram que nós tínhamos este gabinete do ódio, que não existia e daí falavam dos apoiadores, mas vejam, eram eles. Você tem apoiadores que faziam críticas ferrenhas em redes sociais, mas em nenhum momento você trabalhou algo coordenado como existe hoje, em grupos de WhatsApp. E nós temos acesso também. Trabalho coordenado para discutir o que fazer. E isso vai piorar ainda mais.

LS: E O TRANSPORTE DE PACIENTES PREFEITO?

Olha só que curioso. É claro que não somos perfeitos, e erros podem acontecer. Mas quando foi feito esse trabalho das ambulâncias, gastava-se um absurdo e aí foi feito uma tentativa de resolver este caso. Uma tentativa de resolver, então chamamos uma pessoa experiente que resolvesse essa questão de economizar e ele identificou que os terceirizados ganhavam horrores. Veja bem o que aconteceu com o gasto esse mês aqui. Foi lá para baixo. Ele acabou reduzindo o gasto com empresa terceirizada, mas aumentou a carga dos servidores, no caso os motoristas municipais. Se pensarmos no macro, a economia foi enorme. Mas isso gerou um outro problema para nós. Primeiro sobrecarga dos motoristas e um aumento de gasto com pessoal. Infelizmente para o sistema contábil, hoje no município é preferível gastar mais com um terceirizado do que gastar com mão de obra própria por causa do meu o meu limite legal de gasto com pessoal. Na hora que identificamos isso, vimos que a solução a curto prazo é gastar mais com empresa terceirizada e tentar organizar esse transporte de uma forma satisfatória até que seja possível ter concursos para que a gente consiga preencher os cargos de motorista, já que ambulâncias nós temos. Então, você percebe que você não consegue resolver isso como se fosse uma empresa privada.

TT: NA NOSSA PRIMEIRA ENTREVISTA, LOGO APÓS SUA POSSE, COMENTOU QUE UM DE SEU GRANDE SONHO ERA TORNAR SALTO UMA CIDADE REFERÊNCIA EM TRATAMENTO ONCOLÓGICO. PASSADO ESTE PERÍODO, COMO ESTE TEMA ESTÁ AVANÇANDO?

LS: Num primeiro momento esse Tratamento Oncológico, como ele é apenas ambulatorial, vai ocupar uma área do hospital. Num segundo momento, quando nós já tivemos ou entrarmos na fase 2 dessas etapas do processo, ele irá ocupar um prédio com um espaço maior preparado para isso e numa 3ª fase - não a curto prazo - aí teremos um prédio próprio para o hospital oncológico. A ideia nossa é transformar Salto numa Barretos ou numa Jaú. Isso quer dizer que quando a gente fizer a primeira fase de atendimento oncológico, já vai diminuir os problemas no transporte, pois também é preciso regularizar os procedimentos de transporte. Eu tenho pacientes que não podem viajar com outros pacientes. Aliás até uma curiosidade: tinha cinco carros aqui no gabinete que servia só para levar pacientes para outras cidades. Não era a função destes carros. Nós eliminamos e devolvemos. Tinha um carro aqui no gabinete que servia só para levar uma pessoa para o São Paulo. Na hora que essa pessoa nos procurou, disse que um antigo servidor sempre conseguiu o carro para ela. Cortamos, mas conversamos e a encaminhamos para atendimento ambulatorial aqui em Salto. Percebam, o tratamento que ela fazia em São Paulo passou a ser feito aqui na cidade. E ela está super feliz. Então, algo que se fazia errado no passado, nós cortamos, porque o que está errado tem que ser cortado. Mas é claro que respinga até você conseguir achar uma alternativa que seja satisfatória para todos. Vai demorar algum tempo. Então por isso que eu falo, a ideia é fazer algo diferente. O sistema público demora, você tem uma certa morosidade para suas ações surgirem efeitos, mas elas vão fluir.


TT: E A QUESTÃO ENVOLVENDO O TRANSPORTE PÚBLICO? É UMA CONCESSÃO, DE UM SERVIÇO QUE TEVE UMA QUEDA NOTÁVEL EM ARRECADAÇÃO E EM RAZÃO DISTO, TEM UM PEDIDO DE REEQUILÍBRIO FINANCEIRO JUNTO A PREFEITURA, QUE SE ARRASTA DESDE O ANO PASSADO E AINDA VIVE A INCERTEZA DA PANDEMIA.

LS: Você tem hoje uma situação que o transporte público é deficitário no Brasil inteiro. Na minha opinião houve uma decisão errada do governo federal de subsidiar o transporte público apenas as cidades acima de 200 mil habitantes, que aliás isto permitiu que Indaiatuba subsidiasse o seu transporte público. Mas hoje, você tem uma situação na qual cerca de um terço dos passageiros são gratuitos. Você tem um sistema onde, até por conta da pandemia, o número de passageiros caiu muito. Você tinha uma expectativa X e não está se realizando nem a metade dessa expectativa e a quantidade de ônibus continua praticamente a mesma, ainda que com algumas reduções. Então você tem hoje um custo operacional grande com uma arrecadação pequena. Do ponto de vista de serviço público isso não existe a não ser que haja um subsídio ou subvenção do município. Como nós não temos um transporte subsidiado, empresa nenhuma hoje vai conseguir tocar esse serviço público com o preço da passagem que está fixado. A Nardelli entrou com um pedido de realinhamento, como é uma decisão que envolve não só o transporte público, mas o orçamento do município, nós estamos abrindo consultas públicas para que esse assunto seja debatido com a sociedade. Vou chamar toda a sociedade para participar desse debate. A partir disso, vamos optar qual é o melhor dos caminhos a ser adotado.

Aqui há várias opções: um aumento da passagem simplesmente. Isso porém pode inviabilizar o próprio transporte público. Um aumento da passagem com o subsídio de recursos (para pagar parte da passagem), que viriam da própria população através dos impostos. É claro que quando você fala em subsídio você está tirando verbas públicas de outras áreas. Ou ainda, repensar o próprio transporte como um todo. Hoje você tem sistemas alternativos de transporte público que poderiam ser implementados aqui em Salto, mas isso tem e deve ser debatido com a sociedade. Você tem modelos alternativos em transportes públicos como ônibus e vans, o financiamento pelo consumidor - no caso a empresa. Então é possível você criar uma nova matriz de transporte público, mas isso tem que ser debatido. O que me preocupa, isso já tive oportunidade até de externar para os diretores da empresa concessionária, talvez essa solução não venha com a velocidade que eles precisam. Eles estão trabalhando no vermelho todos os meses. Todos os meses, a empresa está colocando recursos para conseguir bancar as despesas desse transporte público.


TT: O TRANSPORTE PÚBLICO PODE PARAR EM SALTO?

LS: Talvez não de imediato, mas sim, corre o risco de parar num prazo médio. Nesse ponto, não posso precisar. Uma discussão como essa, assim como todas as discussões precisam ser feita sem paixões, sem ideologia e sem viés político. Por isso mesmo, quero abrir essa discussão e esse debate para a população. Para que a população participe disso e não fique uma acusação de um lado ou de outro. Olha, funciona assim, não funciona desse jeito porque só o prefeito quer. Não é assim. Quem vai decidir quem vai decidir o que é ideal para Salto é a população, a Câmara de Vereadores e a sociedade organizada. São aqueles que realmente vão ser impactados pela decisão, qualquer que seja ela.

Já vi várias pessoas virem até mim e falarem: "sim, mas a empresa sempre ganhou dinheiro na cidade". Sim, mas ela é uma empresa e o objetivo de uma empresa é ter lucro. Por exemplo se ela sempre ganhou e agora não ganha mais, compensa para ela parar de trabalhar e fechar a empresa. Aí ainda argumentaram: "chama a segunda colocada? " Pois é, a 2ª colocada na licitação inclusive está parando o serviço nas cidades onde atua. Então não é uma solução tão fácil e tão rápida.

TT: NOS CAUSOU ESTRANHEZA PREFEITO, NA ÚLTIMA SEMANA, A LIBERAÇÃO DE UMA NOVA PARTE PARA TÚMULOS NO CEMITÉRIO MUNICIPAL E NA NOTA DIZER QUE PELO MENOS ATÉ O FIM DO ANO ESTÁ GARANTIDO.

LS: Sim, essa foi uma informação da própria concessionária.

TT: E SE PRECISAR DE MAIS, A QUESTÃO DO CEMITÉRIO VERTICAL POR EXEMPLO CITADA?

LS: Você falou do cemitério vertical, ele é uma possibilidade, mas não foi autorizado ainda. O que fizemos foi autorizar a ocupação de outras áreas do Jardim do Éden. Mas o cemitério vertical é algo que vai ser pensado, mas é necessário encaixar isto na concessão, já que a concessão atual não prevê. Ou, faz uma alteração na concessão com uma autorização legislativa, passando pela Câmara de Vereadores ou, faz uma nova concessão, exclusiva para cemitério vertical. Mas acho que é mais viável uma autorização legislativa neste sentido até porque a concessionária já faz a gestão dos cemitérios.

Comunicar erro
Fale conosco

Comentários

TT003