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Jovens relaxam isolamento, são os mais infectados e principais transmissores da Covid-19

Jovens se reúnem em festas promovidas de forma clandestina. Cansaço do isolamento faz pessoas não saírem de casa não só para sobreviver e trabalhar. Muitos não suportam mais o isolamento e buscam viver a vida como antes da pandemia.

Por Wellington Caposi em 09/03/2021 às 09:46:41

Com a mudança de comportamento da população e o relaxamento da quarentena, o número de casos de covid-19 voltou a crescer em São Paulo e nas demais capitais. No entanto, o perfil dos infectados está mudando. De novembro para cá, os jovens passaram a ser os responsáveis pela maior parte das infecções e internações por Covid-19 no país. Os pacientes dos 20 aos 39 anos representam atualmente 60% dos casos e 6% dos óbitos contabilizados no estado de São Paulo. Entre março e novembro de 2020, o principal volume de internações era de pacientes que tinham entre 55 a 75 anos - grupo que ainda representa 50% de infectados que evoluem de forma grave e compõem as principais estatísticas de mortalidade da covid-19. Com a vacinação desse grupo, esses números tendem a diminuir.

O infectologista Estevão Urbano afirma que o aumento no contágio por Covid-19 entre jovens configura uma dupla responsabilidade. Com disso, o jovem precisa se conscientizar que ele não está isento de adoecimento grave. "É uma roleta-russa, não dá pra saber quem vai evoluir bem e quem irá ficar mal", explica o especialista. O médico patologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva, alerta para a mudança de comportamento das pessoas. Hoje, elas não saem de casa só para sobreviver e trabalhar, mas uma boa parcela desses jovens não suportam mais o isolamento, buscando viver a vida como era antes da pandemia.

Esse relaxamento é um sentimento natural das pessoas, como forma de combater a solidão. "No entanto, não combinamos esse detalhe com o vírus, pois ele ainda depende do nosso sistema biológico para proliferar. Não foi à toa que o aumento mais acentuado dos novos casos é entre pessoas de 20 a 39 anos. Eles têm mais chances de sobrevivência, mas tragicamente levam o vírus para casa e contaminam justamente as pessoas que mais amam", afirmou Paulo à rádio USP.

O especialista ainda afirma que não há muita coisa que possamos fazer para combater o vírus, mas é preciso muita paciência das pessoas. "As festas são um chamamento para encontrarmos as pessoas que amamos, mas pelo respeito à saúde dessas pessoas, devemos adiar esses encontros", finalizou.

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