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Cidades não estão preparadas para as mudanças climáticas

De obra em obra, pouco se faz de estrutura de prevenção em Salto e demais cidades

Por Tom Luiz em 06/11/2023 às 12:29:42

O recente temporal que assolou a cidade de Salto, no último dia 4, com ventos atingindo velocidades superiores a 100 km/h, não é mais um evento raro. Isso levanta a necessidade de incluir discussões políticas sobre como lidar com essas situações na cidade. Além disso, no dia 12 de outubro, também foi observada uma chuva intensa e uma quantidade extraordinária de raios na região, algo que raramente acontecia antes.

A pergunta que se impõe é: o que será feito para enfrentar esse desafio crescente? Quais medidas de prevenção estão sendo consideradas? No orçamento de 2023, em Salto, apenas R$ 220 mil reais foram destinados para Manutenção da Gestão de Risco e Contingentes Civis.


Entre os anos de 2013 e 2022, o Governo Federal alocou um total de R$ 19,3 bilhões em recursos de defesa civil para lidar com riscos e desastres no país. No entanto, é alarmante notar que 69% desse montante foi direcionado para ações de recuperação e resposta, ou seja, para lidar com as consequências das tragédias após sua ocorrência, enquanto apenas 31% desse valor foi investido em medidas de prevenção.

Dados do painel de informação do Tribunal de Contas da União (TCU) também revelam que, no período de 2013 a 2023, as tragédias causaram prejuízos avaliados em R$ 401,3 bilhões em todo o país. Esses números deixam claro que a identificação de áreas de risco, a gestão eficaz, o controle adequado e a implementação de políticas públicas de prevenção se tornam urgentes na agenda brasileira.

Com base em modelos climáticos que utilizam variáveis ??e equações matemáticas e físicas para prever o tempo e o clima, é possível antecipar a ocorrência de chuvas extremamente intensas e suas áreas de impacto. Nesse contexto, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) no Brasil desempenha um papel crucial ao emitir alertas e boletins para as cidades e monitorar eventos potenciais.

No entanto, o planejamento urbano em muitas cidades brasileiras não está preparado para lidar com volumes significativos de chuva, como enfatiza Melina Amoni, Gerente de Risco Climático e Adaptação na WayCarbon, a principal consultoria estratégica em sustentabilidade e mudança climática na América Latina. Ela destaca que o desafio da resiliência climática é evidente no Brasil, onde a cultura de preparação é superada pela cultura de resposta. A cada temporada, parece que as tragédias causadas pelas chuvas no verão são esquecidas, apenas para se repetirem na temporada seguinte. O mesmo ciclo ocorre com a seca nos meses de outono e inverno, que é esquecida quando as chuvas retornam.

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