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O OCASO DE UM RIO por Claudiney Bravo

Vem aí mais uma rodada de debates e discussões sobre o rio e o mais interessante é que a sociedade civil novamente não vai 'apitar' em nada nessas reuniões.

Por Wellington Caposi em 11/07/2021 às 10:12:30

"Nosso interior tem a esperança na despoluição e vamos avançar neste processo de melhoria para a qualidade de vida das populações que convivem às margens dessas águas turvas e escuras, coberto de garrafas pets, plásticos, isopor, bolas, sacos plásticos, vidros e até capacetes, entre outros materiais flutuantes. Agradeço a deputada e também as autoridades do Estado, por acolherem nossa proposta", salientou o prefeito da Estância Turística de Salto, Laerte Sonsin Junior, em mais uma reunião que promete a limpeza do Rio Tietê acontecida em São Paulo nesta última semana. Nos últimos 30 anos, já se somam centenas de reuniões para falar do rio Tietê, que notoriamente sempre acontecem próximas às eleições de deputados estaduais e governador. Em 2022, completa-se 30 anos de sonhos e pesadelos sobre a despoluição do Tietê, o maior rio do estado de São Paulo. Muito importante para diversas cidades e principalmente para cá a terrinha, município de Salto, a que se deve seu nome ao Salto do Tietê, uma esplendorosa cachoeira bem no centro da cidade.

Participaram dessa reunião o secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo; Marco Vinholi (representando o secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Rodrigues Penido); o subsecretário Eduardo Trani, representando a Assembléia Legislativa e, liderando esse movimento, a deputada estadual, Maria Lúcia Amary, além dos presidentes e representantes da CETESB, EMAE, DAEE E SABESP. Somente políticos nessa primeira reunião para a criação de uma Comissão de Trabalho do Interior em prol da despoluição do Rio Tietê.

Se isso não passar apenas de mais uma ação eleitoreira, agora visando a eleição de 2022; a proposta de ações junto ao governo de São Paulo para promover o engajamento da sociedade com trabalho de conscientização para as questões ambientais; fazer o levantamento das ocupações irregulares; condições do esgotamento sanitário; manejo de resíduos sólidos e flutuantes; além do manejo de águas pluviais de todos os municípios que margeiam o Tietê; será de extrema importância.

Nesse ponto apenas um parênteses: (Não precisamos de engajamento da sociedade e sim de vontade política dos governantes para resolver essa questão. Na capital paulista, por uma opção exclusiva do governador João Doria, o rio Pinheiros está sendo priorizado em detrimento do rio Tietê, e as obras estão em plena execução).


Entre os anos de 2017 e 2018, o então vereador Edemilson Santos criou um Grupo de Trabalho com o objetivo - junto aos órgãos - com a proposta de retomada da despoluição no médio Rio Tietê. Conseguiu apenas junto à CETESB e ao DAAE, a instalação de uma Estação de Monitoramento Automática na antiga Usina de São Pedro, em Itu. Esse equipamento tem a finalidade de monitorar continuamente a qualidade do corpo d"água, e todos os dados registrados online em campo são transmitidos à sede da Cetesb. Convenhamos que, apesar de todo o esforço do agora vice-prefeito, uma estação de monitoramento da poluição do rio é muito pouco ou quase nada para quem quer despoluir o rio.

Na semana que passou, foi anunciada para muito breve uma nova reunião do grupo, desta vez aqui na terrinha. E com o apoio do governo do Estado de São Paulo; de representantes da CETESB, EMAE, DAEE E SABESP; ainda a participação de municípios do médio e alto Tietê e também da deputada Maria Lúcia Amary - ainda não entendemos o porquê de uma só deputada. Tudo para discutir em conjunto com a sociedade ações de despoluição do rio Tietê.

Um adendo aqui: A participação de um só representante da Assembleia Legislativa já mostra que a ação não é prioridade política. De qualquer forma, vem aí mais uma rodada de debates e discussões sobre o rio e o mais interessante é que a sociedade novamente não vai 'apitar' em nada nessas reuniões. Como sempre, participa apenas para dar consistência aos políticos.

A proposta do TERRATAVARES: Que tal reunião aconteça o mais próximo possível das margens da cachoeira do rio Tietê. Talvez dessa forma, os políticos participantes que verdadeiramente tomam as decisões; vendo e sentindo "in loco" a desagradável poluição e ainda inalando o fétido odor que gotículas suspensas no ar provocam, alguma ação - de fato - seja tomada. Reunião sob ar condicionado e todas as mordomias possíveis, não vai resolver em nada a poluição do rio Tietê.

Volto a afirmar, A DEPOLUIÇÃO DO RIO TIETÊ DEPENDE APENAS DA VONTADE POLÍTICA DO GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO - seja ele o excelentíssimo sr. João Doria ou algum outro que venha substituí-lo. Se assim não o for, por mais reuniões que sejam realizadas, nada vai acontecer. Espero então que esta agendada reunião cá na terrinha, assim não o seja, pois se isso acontecer será apenas mais uma cortês e inócua visita de políticos cá à terrinha, às vésperas de uma eleição para ver e discutir O OCASO DE UM RIO.

Segue o enterro!

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CLAUDINEY BRAVO editor adjunto do TERRATAVARES; produtor de Eventos Culturais, designer gráfico e provocador político.

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