Equipe do TERRATAVARES sofre tentativa de intimidação

No próximo 3 de maio, comemora-se o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Um dia em que organizações não governamentais aproveitam para chamar a atenção para as ameaças sobre o direito a uma informação independente, plural e transparente. Vale a pena ressaltar que governos devem ser afeitos à transparência no trato com as informações.

Nesta segunda-feira, 19, estivemos no Paço Municipal da Abadia de São Norberto, para uma entrevista, anteriormente agendada. Muito bem recebidos pela assessora de Imprensa, Karina Camargo nos dirigimos ao gabinete do prefeito Laerte Sonsin Jr., que elegantemente e solicito nos respondeu a todos os questionamentos feitos. Sem nenhum stress ou atrito, o bate papo ocorreu dentro de um clima amistoso e de respeito mútuo.

Ao terminarmos, descendo as escadas do anexo ao gabinete, fomos abordados pelo secretário municipal de Governo, que em tom assertivo e grosseiro, nos inquiriu sobre o teor de um questionamento feito pelo TERRA TAVARES sobre um servidor, agora lotado em sua secretaria.

Primeiramente sobre o porquê do questionamento? Vale a pena aqui falar que um questionamento não é público e sim um simples documento solicitando informações que podem ser ou não fornecidas pelo questionado. Dependendo dos argumentos apresentados simplesmente arquivaremos a resposta. Isso foi solicitado dias antes - por e-mail - via Assessoria de Imprensa, conforme sempre o fazemos com todas as secretarias e autarquias do governo.

Visivelmente irritado, o secretário também queria depois saber quem era o informante que nos repassou tais informações? Queria a punição da fonte que nos repassou a informação. Nesse ponto ficou nítida a impressão - para nós da imprensa - que o sintoma é pandêmico. Vai e volta ao sabor de tempos e lugares, principalmente quando os tempos se tornam sombrios.

Os dois editores do TERRATAVARES relembraram ao Secretário que a fonte nunca seria revelada, até por ser funcionário público e este não sofrer retaliações. Ainda em tom afirmativo, questionou que a imprensa não tem relatado o quão tem sido difícil o dia a dia do atual governo e só querem saber de picuinhas. Neste ponto destacamos que para uma imprensa, a dificuldade que se diz ter ao assumir uma prefeitura não é de nossa competência. Dar publicidade a esta dificuldade, é um papel do próprio governo. A imprensa relatando se as ações chegam do executivo são assertivas junto a sociedade, ela não faz e não deve fazer publicidade institucional de governo, seja de direita ou esquerda.

Um gestor que chefia a secretaria de Governo e faz a interlocução política do governo deveria saber, ao menos, que o sigilo da fonte jornalística é uma garantia prevista constitucionalmente no art. 5º, inciso XIV, in fine, da Constituição Federal.

Também sabemos que a culpa pelos desmandos e mazelas que ocorreram no passado e ainda poderão ocorrer no futuro, quase sempre recai sobre a imprensa. É como se um vírus sobrevivesse latente no senso comum e se manifestasse vez ou outra, sempre através dos veículos jornalísticos. Não foi preciso ir tão longe para notar isso.

Sabemos ainda que é da índole do ser humano sempre atribuir a outrem a culpa por suas desventuras e seus infortúnios. Porém, a missão de um jornalista - aqui se posiciona o TERRATAVARES como veículo de informação - é e sempre será vigiar quem ocupa o poder. Afinal, como dizia Albert Camus, "uma imprensa livre pode ser boa ou ruim, mas certamente sem a simples liberdade de questionar ou de divulgar, a IMPRENSA SERÁ SEMPRE RUIM".

Não é difícil então concluir, em regra, que governantes e políticos não toleram o princípio constitucional da transparência e, por óbvio, a imprensa sempre irá e vai incomodar, porque sua atuação implica em dar luz a fatos e circunstâncias muitas vezes obscuros aos olhos da população.