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Após compra de casas em terreno clandestino, a beira da Estação de Captação de Água do Piraí, moradias podem ser demolidas

Situação foi denunciada pelo TERRATAVARES e novos acontecimentos marcaram a semana daqueles moradores.

Por Wellington Caposi em 16/04/2021 às 10:06:59

Moradores de um bairro de Indaiatuba, bem na divisa com Salto temem não ter onde morar, após a Justiça autorizar a Prefeitura da cidade a demolir os imóveis onde estão alojados. As casas foram construídas em um loteamento clandestino, mas, segundo moradores, eles não sabiam do crime e alegam que foram vítimas de um golpe.

O TERRATAVARES esteve no local no início deste ano e constatou a situação.

A área fica em uma zona rural do Recanto Beira Rio, na divisa entre Indaiatuba e Salto. Segundo a Prefeitura, no local não poderia haver divisão dos lotes, no entanto, o terreno, de 150 mil metros quadrados, foi dividido em 82 lotes. As vendas começaram em 2019, e em agosto de 2020 a Prefeitura colocou uma placa, alertando que o loteamento era clandestino. A placa foi arrancada tempos depois. A área fica próxima a subestação de energia de Salto, e o projeto, segundo a Prefeitura, é alagar a área e construir uma represa na área.


Para tanto, a Administração Municipal obteve uma liminar na Justiça, após alegar que a área foi envolvida em crime de parcelamento de solo, para tirar os moradores do terreno e derrubar as casas construídas. No local, 10 imóveis estão em construção, e outros cinco já concluíram as obras e as famílias se mudaram para as casas. Segundo os moradores, eles pagaram entre R$ 80 mil e R$ 90 mil pelos terrenos. Nos contratos de quem comprou os imóveis, aparecem os nomes dos vendedores: Antônio Carlos dos Santos, Daniel Teodoro da Silva e Ralf Vilas Boas. Os homens chegaram a mandar mensagens de cobranças aos moradores. "Eu vou querer receber tudo de uma vez, não é picadinho não. E não vai ter negociação também não. Se são duas parcelas em atraso, eu quero o pagamento das duas. Se são três, eu quero as três, e assim por diante", disse Ralf Vilas Boas em áudio.

Todos respondem pelo mesmo tipo de crime em outros municípios. A reportagem tentou entrar em contato com os supostos vendedores, mas não conseguiu localizá-los. Em nossa primeira visita ao local, o vendedor Antônio afirmou que falaria com nossa reportagem, mas não respondeu mais as mensagens.

DINHEIRO SUADO

O aposentado Juraci da Silva, de 67 anos, deu de entrada o imóvel onde morava, em outra região da cidade, como pagamento para comprar um lote de 5 mil metros e construir a casa, que agora corre o risco de ser demolida. "Com que dinheiro eu iria comprar outra casa? Porque o dinheiro que eu tinha eu investi aqui. Não tenho dinheiro para comprar nada. Se a Prefeitura legalizasse para a gente, eu pagava tudo certinho e pronto. Casa um pagava o seu e ninguém ficava irregular".

Já a veterinária Vanessa Fornazieri, comprou o lote em outubro de 2019, e já estava começando a construir. "A gente fica nesse desespero. A gente não quer ver os sonhos das pessoas por água abaixo, porque infelizmente a gente caiu no golpe de três estelionatários", disse. O morador Jeferson Azevedo diz que já tentaram acordo com a Prefeitura, mas não obtiveram sucesso. "Tudo o que a gente tenta a Prefeitura nega, não estão dispostos a conversar. Falam que não tem como regularizar isso aqui, que vão demolir. A gente está na eminência de famílias serem despejadas. Nesse momento que se prega fique em casa, e eles querem tirar as casas das pessoas. Desumano isso".

A advogada dos moradores, Josiane Martins, tenta um novo recurso. Na decisão expedida nesta quarta-feira (14), foi mantida a autorização para demolição.

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