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Se um paciente Covid-19 depender de transferência pelo sistema Cross, provavelmente ele irá a óbito

O paciente em estado grave pode não encontrar UTI disponível perto de onde reside, corre o risco de morrer antes ou durante a transferência para onde existe esse recurso.

Por Wellington Caposi em 03/04/2021 às 15:44:19

O sistema Cross, que funciona como mediador entre os serviços de origem e de destino dos pacientes, na secretaria de Estado da Saúde, tem um papel de auxiliar na identificação de uma vaga no hospital mais próximo e apto a cuidar do caso do paciente e não de criar leitos disponíveis.

Assim, com as poucas vagas ainda disponíveis de leitos UTI para a Covid-19, estão espalhadas por todo o estado de São Paulo, um paciente em estado grave pode não encontrar UTI disponível perto de onde reside, correndo risco de morrer antes ou durante a transferência para onde existe esse recurso.

Atualmente, perto de 35% das solicitações diárias (aproximadamente 500) referem-se a leitos de UTI. Ao todo, com os demais diversos tipos de enfermidade, chegam a 1.500 solicitações por dia - 300 a mais do que era registrado em 10 de março. O aumento evidencia uma relação cada vez mais estreita entre as vagas de UTI diariamente disponíveis e a demanda que é realidade, evidenciando dessa forma o colapso do sistema. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, há mais de 31 mil pessoas hospitalizadas diariamente em virtude da doença, dessas cerca de 13 mil desses internados em leitos UTI. Se essa comparação for com o pico anterior da epidemia, junho de 2020, onde foram computados uma máximo 690 pedidos de transferências de pacientes, esse aumento é de 117%. E, a maior parte desse crescimento aconteceu agora em março e neste início de abril.

Se essa aceleração recente de internações em leitos UTI não for contida, a demanda deve superar o número de leitos em poucos dias. Segundo o governo paulista, a taxa de ocupação de leitos UTI para coronavírus atingiu 92% em 1º de abril. As vagas disponíveis diariamente são de 650 leitos de UTI, ante os 530 que estão sendo demandados todos os dias pelo sistema Cross.

De acordo com uma reportagem veiculada na TV Globo, nesta sexta-feira (2), a partir de um levantamento feito diretamente nas prefeituras do estado de São Paulo, 507 pessoas já morreram à espera de um leito de UTI (271 na capital paulista e região metropolitana e 236 no litoral e interior paulista). O governo paulista informa que tem investido na ampliação desses leitos e que somente em março anunciou a abertura de mais de 1000 vagas e mais 12 hospitais de campanha. Com isso, em abril, a rede pública de saúde passou a contar com mais de 9.200 leitos de UTI, ante 3.500 antes da pandemia.

Como estamos em Salto?

Aqui em Salto, dos 10 leitos UTI no Hospital Municipal Nossa Senhora do Monte Serrat, 6 são direcionados a pacientes com COVID-19. Os osutros quatro para procedimentos de outras enfermidades. No Hospital Unimed. outros 11 leitos UTI são destinados a pacientes com a Covid-19. Além desses, ainda temos no hospital municipal mais 23 leitos de internação Covid e no hospital Unimed outros 25 leitos de internação Covid. Confira na ilustração abaixo a situação de nossa cidade nesta quinta-feira (1º):

Estamos além das nossas possibilidades normais. Se acaso um paciente daqui de Salto, precisar de uma UTI neste momento será necessário acionar o sistema Cross e a disponibilidade de transferência irá depender da disponibilidade de leitos e da condição clínica adequada para que o paciente seja deslocado com segurança até o hospital de destino.

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