O sargento da Polícia Militar, Claúdio Henrique Frare Gouveira, que matou dois colegas de farda - o capitão Josias Justi da Conceição Junior e o sargento Roberto Aparecido da Silva - em Salto, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva, na tarde desta sexta-feira, 19, após passar por audiência de custódia. Com isso, o réu permanece no Presídio Militar Romão Gomes, na Capital, até o julgamento.
Segundo o Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo, a decisão foi tomada pelo juíz da 4ª Auditoria Militar, José Álvaro Machado Marques, com base nos termos requeridos pelo Ministério Público no artigo 255, que diz sobre indício de autoria e materialidade, ou seja, houve a confirmação de que o fato realmente aconteceu e que há elementos mínimos que ligam a pessoa ao fato, como por exemplo, uma testemunha, gravação, conversa, entre outros.
O crime
O crime ocorreu por volta das 9h de segunda-feira (15) dentro da 3ª Companhia de Polícia Militar de Salto. Segundo o boletim de ocorrência, um PM contou que o sargento Gouveia invadiu a base armado com um fuzil. Em seguida, pediu para todos saírem do local e entrou em uma sala. Logo na sequência, a testemunha disse ter ouvido os disparos. Os corpos dos PMs mortos foram sepultados na terça-feira (16), em Sorocaba. Ainda conforme o BO, o autor dos disparos se entregou para outro sargento, que também retirou a arma dele. Segundo a PM, as razões do crime ainda serão esclarecidas.
Em entrevista, na última quarta-feira, 17, a defesa do PM Gouveia, explicou que problemas no ambiente de trabalho e possíveis perseguição no emprego teriam motivado o crime. Duarte disse que Gouveia se sentia perseguido pelo comandante e estava com a "vida conjugal afetada". De acordo com o defensor, a esposa de Gouveia, também Policia Militar, servia na mesma unidade e como os horários de ambos coincidiam, isso atrapalhava nos cuidados da filha pequena e no dia a dia do casal.
"Parece coisa boba, mas não é. Isso interfere na vida da família, do casal Como os dois serviam na mesma unidade, o comando deveria levar em consideração, dialogar, tentar resolver o problema, e não impor. Será que não dava para remanejar a escala de um deles?", questiona o advogado Rogério Augusto Dini Duarte que ainda isso somado a um conjunto de fatores desencadeou no sargento um quadro de estresse, porém, o profissional não teria recebido o respaldo necessário do comando da companhia.
Exemplo de profissional
Um homem calmo, educado, respeitoso e, principalmente, gentil. Assim foi descrito o sargento Claudio Henrique Frare Gouveia, de 53 anos, por conhecidos, colegas de farda, comerciantes próximos ao batalhão onde ele trabalhava, nas redes sociais e por alunos de uma associação onde ele ensinava patinação, ai ser entrevistado pela BBC Brasil no mês passado por ser um dos policiais militares mais gentis do Brasil.