Quando a brincadeira do roxinho resulta na falta de água

Quando a gente fala em implantar, construir, ampliar, modernizar e INVESTIR no SAAE Salto, primeiramente devemos falar de duas coisas: CAIXA COM DINHEIRO e MÃO-DE-OBRA.

Como é do conhecimento de todos, o dito PODER DE INVESTIMENTO, o SAAE Salto não tem. Na Lei Orçamentária Anual (LOA), o valor mostrado referente a investimentos na autarquia é zero. Assim, temos que refletir que a Prefeitura de Salto ou obrigatoriamente aporta verbas na autarquia, ou tudo ficará como está com tendência à piorar ainda mais. Nessa brincadeira oficial que dura alguns anos, quem lucra é apenas a CONASA SaneSalto.

Em relação à MÃO-DE-OBRA, a equipe de engenharia do SAAE Salto é enxuta e acaba realizando atividades além de suas atribuições. As demais secretarias municipais nem sempre colaboram ou ainda dão o apoio necessário, muitas vezes por sequer ter capacidade. Sem uma reforma de cargos e salários - que é necessária - porém sem previsão de aumento de receita não há como acontecer - a autarquia está carente de um corpo técnico compatível para desenvolver qualquer ação, ficando refém de "comprar" projetos, consultorias e serviços, muitos deles caros e ineficazes, feitos por quem não entende nada de nada, como muito já aconteceu no passado.

Hoje a engenharia do SAAE Salto conta com uma equipe com salários defasados e um quadro de servidores pouco diversificado. Neste, apenas três profissionais concursados ocupando os cargos de engenharia e todos, engenheiros civis. Nenhum engenheiro hidráulico, químico, mecânico, ambiental ou correlatos, dentro de uma autarquia que se dedica à gestão, captação, tratamento e distribuição de água na cidade. Nesse atual momento de escassez, a gestão dos recursos hídricos é cada vez mais importante para um correto planejamento. Assim, uma equipe multidisciplinar dessas, tanto pode ajudar a projetar barragens, ETAs, aprimorar o tratamento de água bem como resolver problemas corriqueiros e ainda analisar as perdas de água nas redes de distribuição.

A Prefeitura da Estância Turística de Salto PRECISA SE DECIDIR se quer MATAR definitivamente o SAAE Salto, privatizando de vez uma autarquia deficitária e sem poder de investimento, ou se vai continuar na maldita BRINCADEIRA DO ROXINHO até sufocar de vez, o que restar da autarquia.

Tudo é uma questão de escolha. Se resolver apoiar o SAAE Salto e deixá-lo funcionando como sempre deveria ter funcionado, sem ingerência política ou pedir "benção" ao prefeito para abrir ou fechar uma torneira, a situação pode melhorar - e muito.

Se não, a melhor saída é entregá-lo de vez à CONASA SaneSalto. Pelo menos lá tem DINHEIRO.

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BRUNO PIVA PELLIS, é engenheiro agrícola e ex-diretor técnico do SAAE Salto