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Lingüiça bragantina: uma tradição que se tornou o símbolo de uma cidade

Um produto artesanal, preservando as características de corte, sabor e tempero natural, que leva o nome de Bragança Paulista aos quatro cantos do Brasil.

Por Wellington Caposi em 22/03/2023 às 17:28:52

Era meados de 1911, quando chega a Bragança Paulista vinda da cidade paulista de Mineiros do Tietê, a italiana Palmyra Boldrini, cujo hobby era fazer lingüiças. Seus preparados eram comprados não só pelos moradores bragantinos, mas também por visitantes que passavam por lá e as levavam para suas cidades de origem, no interior paulista, mineiro e fluminense.

Na década entre 1920 e 1930, representantes de firmas atacadistas, muitos deles cidadãos bragantinos descendentes de italianos, quando viajavam para suas praças de atuação, levavam as linguiças feitas sob encomenda para vender ou presentear algum amigo. Eram os Calzavara, Bertolaccini, Maffei, Rossi, Magrini, Losasso, Titanegro, Vergili, Sabela, Centrini, Januzzi e outros.


As liguiças feitas por Palmyra começavam a ficar famosas. Tanto era assim, que em São Paulo, elas já eram encontradas em conhecidas rotissèries, frenquentadas pela elite paulistana e também nos cardápios de hotéis mais requintados da capital paulista, que ficavam próximos à Estação da Luz. Dessa forma, a fama da linguiça bragantina foi crescendo. Naquela época o negócio da venda de linguiça caseira prosperava e a fama do embitido de Bragança já atingia até o mercado externo

Judith Vasconcellos, filha de Palmyra, nos conta: "Naquele tempo, a linguiça era conhecida como Linguiça da Palmyra de Bragança que mais tarde ficou Linguiça de Bragança e até um governador, naquela época, mandava buscar 80 kilos (sic) por semana".

E como não poderia deixar de ser, essa tradição virou um produto turístico-cultural: a Festa da Linguiça de Bragança Paulista, que apesar de estar ainda em suas primeiras edições, já está angariando fãs do Brasil inteiro,. Uma festa que tem todos os ingredientes para se perpetuar no calendário turístico nacional, pois é constituída de vários outros atrativos e, obviamente, muita linguiça nas suas diversas variedades, todas fabricadas respeitando a tradição e a história de Bragança Paulista e de Palmyra Boldrini.

Na cidade, o lugar mais tradicional para se comer a tal lingüiça ainda é o Bar do Rosário, hoje comandado pelo baiano Manoel Dantas e sua esposa Genolina. O bar fica ao lado da Igreja do Rosário, no centro da cidade, mas Manoel fez tanto sucesso que abriu um quiosque perto da maior atração da cidade, o lago Taboão, cartão-postal de Bragança Paulista.

O quiosque fica na beira da estrada e é parada obrigatória de quem entra ou sai da cidade. O tira-gosto é caprichado, servido com tomate, limão, uma cesta de pãezinhos e molho especial de pimenta. E também há outras opções de pratos com lingüiça, para quem prefere uma refeição. Manoel conta que o segredo é o tempero e sempre trabalhar com carne de primeira: lombo e pernil do porco. A melhor opção para quem preferir comprar a lingüiça crua, para preparo em casa, é a Lingüiçaria Bragança.

O Bar do Rosário fica na Rua Juqueri, 6, Bragança Paulista, fone: 11 4832.0023. O Quiosque da Lingüiça, na Rodovia Farmacêutico Francisco de Toledo Leme, 1430, Variante do Taboão, Bragança Paulista, fone: 11 4032.8190 e a Lingüiçaria Bragança, Praça 9 de Julho, 30, Taboão, Bragança Paulista, fones: 11 4033-2226/ 4603.1233 ou pelo site www.linguicadebraganca.com.br.

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