Trem Republicado

Lifan do Brasil, uma história que vai da euforia ao abandono do mercado

Centro de Distribuição fechado aqui em Salto. No edifício em que moravam seus diretores, restou apenas um apartamento fechado e um veículo novo na garagem.

Por Wellington Caposi em 19/03/2023 às 13:37:18

Com um investimento inicial de R$ 750 mil reais, a Lifan inaugurou aqui em Salto, em 2013, seu próprio Centro de Distribuição de Peças. Naquela época tudo ia muito bem para a marca e a instalação recebeu a migração de peças automotivas de reposição de uma empresa terceirizada em Itajaí, Santa Catarina. Dessa forma, a Lifan começou suas operações na Av. dos Migrantes, no Jardim Planalto. A marca estreou no Brasil em 2010, com o Hatch 320 (conhecido pela semelhança com o Mini Cooper) e o Sedã 620, fabricado em parceria com a Effa Motors. O acordo entre as duas empresas foi rompido em 2012 e em 2013 a Lifan do Brasil se tornou subsidiária da matriz chinesa, no controle das operações desde então.


Os anos foram passando e apesar de ser uma das mais antigas marcas chinesas, com uma trajetória inicial fabricando motocicletas, a Lifan não evoluiu como suas concorrentes JAC, Chery e Geely. Suas vendas foram caindo ano após ano, a falta de novidades pesou num mercado altamente competitivo, com isso a marca perdeu totalmente seu espaço. A operação brasileira que já estava cambaleante desde então, piorou ainda mais após o fim da produção de automóveis no Uruguai, em fevereiro de 2019. A empresa passou a considerar a importação de novos carros diretamente da China, como opção. Mas como isso também não aconteceu, o desempenho do Centro de Distribuição da Lifan, em Salto piorou ainda mais.


Apesar da marca ter uma atuação global, com operações no Brasil e em outros países emergentes, assolada por forte crise financeira, problemas de gestão e produtos aquém dos rivais, a fabricante chinesa Lifan foi oficialmente declarada morta no final de 2020. Naquele ano, foram fabricados apenas 145 carros, na China, pois as outras fábricas já estavam paralisadas há vários meses.

No Brasil, a situação era muito grave desde o início da pandemia, nos meses de abril, maio e agosto de 2020, foi contabilizada apenas uma venda, enquanto em junho nenhum Lifan foi vendido em território brasileiro. Com isso, a empresa sem saída, reduziu seu quadro de funcionários do Centro de Distribuição, na av. dos Migrantes, em Salto e em novembro de 2022, com a falência oficial da empresa, a Lifan do Brasil deixou de existir. Seu antigo presidente, Johnny Fang, abandonou a cidade e retornou à China, juntamente com outros diretores. No edifício onde morava, ficou um apartamento fechado e um veículo Lifan, praticamente novo, na garagem.

E simplesmente, desapareceram.

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