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Reunião sobre o muro da Barra na Câmara de Vereadores, foi ignorada pela prefeitura

Daniel Bertani,o único parlamentar presente; membos do Inevat e da OAB Salto e também moradores da Vila da Barra se reuniram na Câmara de Vereadores de Salto, para debater sobre o problema.

Por Wellington Caposi em 03/02/2023 às 19:42:57

A data de 2 de fevereiro é emblemática para a Vila da Barra, pois exatamente nesse dia completou-se 1 ano da ocorrência do desmoronamento do muro de contenção no início da rua Marechal Deodoro, tradicionalmente chamada de rua da Barra. O objetivo da reunião foi debater as condições de ambientais de segurança hidráulica, geotécnica e estrutural da área de entorno da Vila da Barra, segundo pesquisa do historiador Marcelo Botosso, a primeira vila industrial do Brasil.

Presentes na reunião, além de alguns vereadores, também representantes do INEVAT e da OAB- Salto. assim como um grupo de moradores da Barra da Barra. Primeiramente, o representante do Inevat apresentou situação em que o local se encontra, mostrando tecnicamente que a segurança estrutural pública e dos moradores da Barra se encontram, atualmente, dependentes das descargas de água da barragem de Pirapora, pertencente a Empresa Metropolitana de água e Energia - EMAE.


Na década de 90, um extrator de fundo foi construído com objetivo de proteger a barragem do volume de águas de chuva vindas da capital paulista. Como conseqüência, a cada grande chuva na região da grande São Paulo, o volumes das enchentes acabam na represa e para não ultrapassar a margem de segurança da contenção, elas são transferidas via extrator de fundo da represa para Cabreuva, Itu, Salto e demais cidades ribeirinhas do Médio Tietê. Alguns anos atrás foi contruído um outro túnel para alimentar a PCH Pirapora, uma pequena hidroelétrica naquele local, para aproveitar a força dessas águas como uma nova fonte de energia. Com esses dados disponíveis, constatou-se que, devido a essas obras executadas pelo Governo do Estado de São Paulo, as vazões descarregadas no rio Tietê aumentaram cerca de quatro vezes.

Segundo o representante do Inevat, a TV TEM Sorocaba, com base em apurações pelo seu jornalismo, concluíram que em fevereiro de 2022, data do desmoronamento do muro, a lâmina d´água do rio alcançou, em Salto, cerca de seis metros acima do nível normal. Em consequência disso, o rio represou o rio Jundiaí e o ribeirão Buru. Especificamente no caso do rio Jundiaí, o alagamento alcançou bens públicos e edificações do Jardim das Nações. Na região do entorno da Vila da Barra, o represamento atingiu as vias públicas, residências, inclusive provocou o colapso de um trecho do muro marginal do rio Jundiaí.


O Inevat defende o fechamento do extrator de fundo da Represa de Pirapora do Bom Jesus, uma vez que ela foi executada sem nenhum relatório de impacto ambiental e vem constantemente causando problemas nas cidades ribeirinhas.

Voltando à Vila da Barra, o vereador Daniel Bertani prometeu encaminhar um ofício ao Ministério Público cobrando a Prefeitura da Estância Turística de Salto pela falta de ações na recuperação da queda da mureta de proteção do rio Jundiaí, na Vila da Barra Barra, ocorrida em fevereiro de 2022.

"Em 31 de outubro vieram aqui e falaram que em três meses estaria tudo pronto, mas não aconteceu nada. Hoje eu tenho um documento preparado e assinado para protocolar no Ministério Público. Vamos recorrer à esfera jurídica, poi diante da inércia da prefeitura, o terceiro poder terá de interferir nisso", afirmou Bertani ao TERRA TAVARES. Confira no vídeo abaixo, a força das águas no extrato de fundo da PCH Pirapora:


O advogado especialista em Direito Ambiental, Manoel Lucio Padreca, participou da reunião e mostrou preocupação não apenas com a situação atual, mas também com novos problemas que possam vir a surgir. "Minha preocupação latente é que, na divisa de Salto com Indaiatuba tinha uma cerâmica que, quando chovia enchia de água, mas isso acabou porque uma empresa de Salto comprou aquela "bagaça" e aterrou. Era um piscinão natural que espraiava naquela várzea e escorria devagarzinho até o rio Jundiaí. Agora, a chuva que chegar lá, vai chegar com a mesma velocidade aqui em baixo. Ou seja, se tiver uma chuva forte em Jundiaí, se preparem para ver a velocidade que o rio Jundiaí vai descer" afirmou Maneco Padreca.

Alguns moradores presentes na reunião também se manifestaram citando os perigos que o fechamento da via causado pelo desabamento da mureta tem ocasionado a quem vive na região. "O trânsito está horrível, ninguém dorme sabendo que o rio pode subir", afirmou uma das moradoras.


Apesar de convidados, somente o vereador Daniel Bertani compareceu e ainda nenhum dos secretários convidados - Obras e Serviços Públicos; Defesa Civil e Meio Ambiente - apareceu por lá. A prefeitura continua no aguardo de que alguma empresa apareça para a nova licitação, que acontece em 17 deste mês. Se alguém ganhar, o valor reservado para a obra passa dos R$ 4 milhões de reais.

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