Trem Republicado

Onda de fake news sobre massacre amedronta escolas, famílias e coloca polícia em alerta

Na maioria das vezes não é possível identificar o pichador e o caso fica sem solução.

Por Wellington Caposi em 06/06/2022 às 04:51:48

Uma nova onda de fake news, iniciada no começo de abril, tem assustado pais, professores e alunos em todas as regiões do país, mobilizando a polícia e até o poder público. O padrão é sempre o mesmo: o aluno picha em algum lugar da escola, normalmente no banheiro: "Massacre dia X". A maioria tira foto, apaga a frase e depois publica nas redes sociais ou distribui em grupos de whatsApp, usualmente em um perfil anônimo. A veiculação da mensagem acaba por chegar aos pais e à escola, provocando um clima de apreensão. Para se precaver, os colégios acabam fazendo um boletim de ocorrência, deixando a investigação a cargo das forças públicas.

Seria uma ameaça real?

Na maioria das vezes não é possível identificar o pichador e o caso fica sem solução. Nem mesmo as câmeras de segurança ajudam, uma vez que é proibido colocar monitoramento nos banheiros. Já em casos em que os responsáveis foram descobertos, todos deram a mesma explicação: uma brincadeira para assustar a comunidade escolar.

Essa onda de fake news a respeito de massacres em escolas surgiu nos Estados Unidos, em dezembro passado, quando grupos passaram a divulgar essas mensagens pelo aplicativo TikTok. Lá, no entanto, são comuns esses atos de violência, como o ocorrido recentemente em uma escola em Uvalde, no Texas, quando um jovem de 18 anos matou a tiros ao menos 19 crianças e 2 adultos.

Em dezembro, muitas escolas americanas cancelaram suas aulas após ameaças, principalmente as de cidades do interior do país, e a polícia aumentou seu efetivo. A rede social TikTok chegou a divulgar uma nota afirmando que trabalha para identificar fake news e mensagens ofensivas.

"Lidamos com os rumores de ameaças com a maior seriedade, razão pela qual estamos trabalhando com as autoridades policiais para investigar as advertências de possíveis atos de violência nas escolas", disse a empresa no comunicado. "Não encontramos evidências de que tais ameaças se originaram ou se espalharam pelo TikTok", acrescentou.

Aqui no Brasil, o caso que mais deixou os pais e os funcionários dos colégios preocupados se deu na Escola Estadual Professor Manoel Abreu, em Linhares (ES). Dois adolescentes, de 13 e 15 anos, postaram em grupos de WhatsApp a ameaça ao colégio. Um deles chegou a publicar uma foto de um revólver que, segundo a polícia, seria do irmão dele. Os alunos prestaram depoimento na delegacia, juntamente com seus responsáveis e representantes do Conselho Tutelar.

"Com todo o procedimento de investigação das polícias civil e militar, os dois alunos foram identificados e falaram que postaram as ameaças em contexto de brincadeira", conta o diretor Jean Carlos Borghi de Andrade, 30, revelando que a punição dos dois foi a transferência compulsória para outro colégio.? Outro colégio que identificou os estudantes foi o Nossa Senhora das Graças, o Gracinha, do Itaim Bibi, zona sul da capital paulista. Segundo o diretor Wagner Cafagni Borja, 59, quatro alunos foram identificados e alegaram estar seguindo um desafio de um grupo do Tiktok, de como parar sua escola por um dia.

"Os estudantes foram punidos de acordo com nosso regimento. Foram suspensos por quatro dias, durante os quais fizeram três encontros com a direção/orientação, dois dos quais na presença das famílias, e estão produzindo um trabalho sobre a questão das mídias sociais e o comportamento das massas", conta Borja.

Como os responsáveis foram localizados e punidos, o colégio não chegou a fazer boletim de ocorrência.

Comunicar erro
Fale conosco

Comentários

TT003