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O tradicional sanduíche de Mortadela...

Numa simples garagem, a qualidade de lanches tradicionais

Por Wellington Caposi em 28/11/2020 às 13:11:08

Um dos símbolos da gastronomia paulista é o Sanduíche de Mortadela. Mas pouca gente conhece a história como o lanche chegou ao imenso tamanho que conhecemos hoje. Tudo começou no ano de 1933, em num pequeno bar aberto no Mercado Municipal de São Paulo, por alguns imigrantes portugueses da família Loureiro. Nascia ali o "Bar do Jeremias", cuja idéia inicial era atender às necessidades dos feirantes, quintadeiros e de alguns clientes que precisavam de uma opção de refeição rápida e que os sustentasse pelo resto do dia. Primeiro, os Loureiros conquistaram os funcionários do local, que viram no sanduíche uma opção barata e acessível de alimentação. Depois, chamaram àtenção da própria população paulistana e assim o lanche se transformou numa atração turística no Mercadão. O Bar do Mané (que se chamava, até a década de 1970, Bar do Jeremias) foi inaugurado em 1933, no mesmo ano que o Mercadão abriu suas portas. Jeremias Loureiro foi o empreendedor que criou o negócio, hoje administrado por Marco Loureiro, de 59 anos.


Loureiro afirmou ao TERRATAVARES que nem sempre o pão com mortadela foi famoso na região. Muitos imigrantes italianos trouxeram para cá a fama do sanduíche de copa e salame, embutidos consumidos em terras europeias. Antes de chegar ao grande destaque dessa história, vale destacar que durante muitos anos, a Superintendência Nacional de Abastecimento - Sunab, antigo órgão regulatório de alguns segmentos do comércio, tabelava o preço dos sanduíches e petiscos de boteco. Isso regulava também o recheio desses sanduíches, que não era muito devido ao baixo preço. Loureiro ainda fala que os sanduíches ficavam todos espalhados na bancada do bar e vendidos por preços bem populares. O cliente chegava e pegava seu sanduíche preferido e degustava no local. O de mortadela veio nessa onda e era vendido da forma mais popular possível: com apenas uma fatia do embutido em cada pão francês. Até que um certo dia, alguns clientes críticos mudaram o rumo dessa história. Após anos degustando lanches dos mais diversos no Mercadão, um cliente ficou muito revoltado com a pouca quantidade de mortadela no seu lanche e reclamou publicamente no balcão. Isso aconteceu em meados de 1970, e então um dos proprietários do Bar do Mané resolveu fazer um lanche com 300 gramas de mortadela especialmente para que esse cliente não reclamasse mais. Entretanto, diz Loureiro, outros clientes que estavam ao lado do "reclamão" também quiseram seus lanches com o recheio extra e dessa forma foi criada a tradição do enorme lanche do Mercadão.


A iniciativa deu tão certo que a iguaria começou a ficar famosa na cidade. Todos queriam experimentar o tal 'Sanduíche de Mortadela do Mercadão'. Em 10 de julho de 1979, o famoso guia gastronômico do Estadão falou pela primeira vez do sanduíche em uma matéria de página inteira. A manchete do especial era "O Lanche de mortadela dá fama ao boteco". A fama se consolidaria em 1995, quando o bar apareceu na novela "A Próxima Vítima", da TV Globo. Hoje o "Bar do Mané" chega a vender 1.200 lanches num só dia, o que resulta em 3 toneladas de mortadela a cada mês. Fora o 'Bar do Mané' também tem o Hocca Bar no Mercadão faz o famoso lanche. O nome do lugar é curioso. O atual dono do Hocca, o chef Horácio Gabriel, herdou o nome do pai, um imigrante português que fundou o bar em 1952. Ele explica que as duas primeiras letras fazem referência ao nome do criador e o final remete à palavra "oca". "Meu pai sempre foi muito humilde e não fazia ideia de como criar um nome que chamasse a atenção da clientela. O contador dele disse que nosso restaurante era pequenino, como uma oca, e assim surgiu o nome que usamos até hoje", diz Gabriel. Atualmente, o Hocca Bar vende cerca de 700 sanduíches de mortadela por dia.


Aqui em Salto, é possível comer bons sanduíches de mortadela em padarias e lanchonetes, mas para quem procura a excelência do clássico, servido há anos e que carrega muita tradição, deve obrigatoriamente conhecer o "Lanches na Garagem". Numa pequena garagem em frente à sua residência, na rua 7 de setembro, 1327, no bairro Bela Vista, mestre Ricardo Elmi reproduz com exatidão o famoso lanche do Bar do Mané e do Hocca Bar. Não fica nada a dever aos famosos sanduíches do Mercadão. O lanche que normalmente leva muitas fatias do embutido - são 200 gramas ou mais de mortadela cortadas bem finas - chapeadas com queijo derretido e vinagrete, em meio a um baguete ou pão francês sempre fresquinhos. Já famoso aqui em Salto, mestre Ricardo ainda disponibiliza aos clientes, outros clássicos sanduíches, como o de Pernil com vinagrete ou o de Linguiça no pão francês ou baguete. Vale a pena conhecer. o 'Lanches na Garagem'. Funciona de segunda à sábado das 18h às 22h30 com delivery pelo fone/whatsApp: 11 92005.9781 e aceita cartões de débito e crédito.

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